segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Confie em Deus, mas tranque o carro.


Confie em Deus, mas tranque o carro.


Mike Tyson segue na mídia: andou sendo entrevistado pela Oprah e fazendo uma meia-culpa por uma vida inteira de desvios de comportamento. Isso me fez lembrar de quando ele foi acusado de estrupo pela ex-miss Deisrre Washington, em 1991.
A moça havia entrado no quarto com ele, de madrugada e, ao que consta, desistiu de levar adiante a brincadeira. Qualquer pessoa tem o direito de desistir do ato sexual na hora H e o parceiro tem o dever de respeitar a decisão, por mais fula da vida que fique, mas deixar Mike Tyson fulo não é algo que uma pessoa de juízo arrisque.
Na época a escritora Camille Paglia disse que Tyson errou, logicamente, mas que a moça era uma idiota. E justificou sua opinião dando o seguinte exemplo: se você estaciona seu carro numa rua escura e deixa a chave na ignição, não significa que ele seja roubado, mas, se for você foi um panaca.
Essa história sempre me volta a cabeça quando começo ouvir algum “ aí de mim”, que é o mantra das vítimas. Fico prestando atenção na história e, quase sempre descubro que o mártir deixou a chave na ignição. São os casos de garotas deixam filmar nuas pelos os namorados e depois descobrem que viraram musas do Youtube, ou de garotos que dirigem alcoolizados a 140km/h e acordam no outro dia no hospital (quando acordam).

Eles devem perguntar dramáticos: onde está Deus hora que não me ajuda? Está ajudando a encontrar sobreviventes de um tsunami ou consolando quem tem câncer em metástase, porque esses sim são vítimas genuínas: mesmo deixando seus carros bem trancados, foram surpreendidas pelo destino.
“Não há prêmio ou punição na vida, apenas consequências.” Não sei quem escreveu isso, mais está coberto de razão. Sorte e azar são responsáveis por um 10% do nosso céu ou inferno, os 90% restantes são efeito das nossas atitudes.
Vale para o trabalho, para o amor, para o convívio da família, para o dinheiro, para a saúde da mente e para o corpo. Reconheço que os governos não ajudam, que certas leis atrapalham, que a burocracia atravanca, que o cotidiano é cruel, e até s disfunções climáticas conspiram contra. Ainda assim, avançamos (prêmios) ou retrocedemos (punição) por mérito ou bananice nossas.

Então, tranque o carro numa rua escura e também dentro da sua garagem, não entre no quarto de um neandertal se você não estiver bem certa do você deseja, não deixa uma vela acessa perto de uma cortina, pense duas vezes antes de mandar seu chefe para um lugar pra onde você não gostaria de ir, não tenha em casa Doritos, Coca-Cola e Ouro Branco se estiver planejado perder uns quilos e lembre-se do que sua bisavó dizia: regue as planta, regue suas relações, regue seu futuro, porque sem cuidar nada floresce.
E por via das dúvidas, confie em Deus que mal não faz.


Retirado do livro Feliz por Nada de Martha Medeiros
                                                                                   

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