quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Dentro de um Abraço


Dentro de um Abraço








Onde é que você gostaria de estar agora, nesse exato momento?
Fico pensando nos lugares paradisíacos onde já estive, e que não me custaria nada reprisar: num determinado restaurante de uma ilha grega, em diversas praias do brasil e do mundo, na casa de bons amigos, em algum vilarejo europeu, numa bela e vazia estrada, no meio de um show espetacular, numa sala de cinema assistindo à estreia de um filme muito esperado e, principalmente, no meu quarto e na minha cama, que nenhum hotel cinco estrela consegue supera __ a intimidade da gente é irreproduzível.
Posso também listar lugares onde não gostaria de estar: num leito de hospital, numa fila de banco numa reunião de condomínio, presa num trânsito congestionado, numa cadeira de dentista.
E então? Somando os prós e os contras, as boas e más opções, onde afinal, é o melhor lugar do mundo?
Meu palpite: dentro de um abraço.










Que lugar melhor para uma criança, para um idoso, para uma mulher apaixonada, para um adolescente com medo, para um doente, para alguém solitário? Dentro de um abraço é sempre seguro. Dentro de um abraço não se ouve o tic-tac dos relógios e, se faltar luz, tanto melhor. Tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve.

Que lugar melhor para recém-nascido, para um recém-chegado, para um recém-demitido, para um recém-contratado? Dentro de um abraço nenhuma situação é incerta, o futuro não amedronta, estacionamos confortavelmente em meio ao paraíso.

O rosto contra o peito de quem te abraça, as batidas do coração dele e as suas, o silêncio que sempre se faz durante esse envolvimento físico: nada há para se reivindicar ou agradecer, dentro de um abraço voz nenhuma se faz necessária, está tudo dito.
Que lugar no mundo é melhor para se estar? Na frente de uma lareira com livro estupendo, em meio a um estádio lotado vendo seu time golear, num almoço de família onde todos estão se divertindo, num final de tarde à beira do mar, deitado num parque olhando para o céu, na cama com a pessoa que mais ama?

Difícil bater essa última alternativa, mas onde começa o amor senão dentro do primeiro abraço? Alguns o consideram como algo sufocante, querem logo se desvencilhar dele. Até entendo que há momentos em que é preciso estar fora de alcance. Livre de qualquer tentáculo. Esse desejo de se manter solto é legítimo, mas hoje me permita não endossar manifestação de alforria. 



Retirado do Livro Feliz por Nada de Martha Medeiros

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